
Inicialmente, gostaria de destacar que toda avaliação é feita a partir de
uma comparação. Nesse caso, essa comparação poderia ser feita em duas
direções. Uma delas em relação a outras faixas etárias e a outra em relação
à juventude de outras épocas passadas. Em relação à primeira dimensão,
me parece que o comportamento político da juventude seja diferente do
de outras faixas etárias. Os que avaliam como baixa a participação política
de juventude atual não podem afirmar que seja diferente da participação
política das outras faixas. Existem parcelas da população passivas (e entre
elas há jovens e também adultos), assim como existem parcelas da
população com alta taxa de participação política e entre elas podemos
igualmente identificar jovens e adultos.
Logo, uma comparação entre faixas etárias não nos leva a concluir que seja
baixa a participação política da juventude. Agora, em relação à outra
dimensão, a comparação entre juventudes de épocas diferentes, podemos
constatar diferenças que aparentemente levem algumas pessoas a
afirmações do tipo “a juventude atual não está com nada”, “antigamente os
jovens tinham maior consciência e atuação política”. E aqui, novamente,
devemos analisar a questão por partes. Jovens alienados e passivos
sempre existiram ao lado de jovens conscientizados e ativos politicamente.
Deve-se reconhecer que a proporção entre essas duas categorias muda
com o tempo, tem épocas em que a proporção de jovens ativos se amplia e
em outras épocas diminui. Mas este aumento ou diminuição é uma
expressão da sociedade como um todo e não de uma determinada faixa
etária. Se numa época a parcela de jovens cresce e se torna mais intensa, é
porque esse mesmo fenômeno se manifesta na sociedade como um todo. O
comportamento juvenil expressa as tendências gerais da sociedade como
um todo.
A grande diferença está nos meios de que dispõem os jovens para
desenvolver sua consciência crítica ou para manifestar sua postura política.
Aí, sim, registramos mudanças radicais em relação a outras épocas.
Atualmente, os jovens têm acesso aos meios de comunicação que
permitem ampliar a velocidade e a abrangência da transmissão de idéias, o
que oferece facilidades nunca antes disponíveis para a expressão política
da juventude.
A minha resposta pode parecer otimista e tenho plena consciência de que
ela é. Os jovens da atualidade não são diferentes dos jovens de outras
épocas, aceitam ou rechaçam valores, assumem ou não atitudes políticas
com a mesma postura dos jovens do passado, a diferença não está no grau
e sim na forma. Não muda o caminho, muda a forma de caminhar.
(Luís de La Mora)
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